segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O caminho mais excelente

O amor não é cego, enxerga além.

Não me lembro exatamente onde vi essa frase, mas é por meio dela que gostaria de falar sobre algo que move o mundo, seja pela falta dele ou pelo seu excesso: o amor.

Dizem por aí, quando as pessoas se apaixonam que ‘O amor é cego’, pois deixamos de ver os defeitos do outro, nos prendemos às qualidades, vivemos num mundo de ilusão, etc., etc. Só que essa coisa que as pessoas nomeiam como ‘amor’ não é o ‘amor’ em sua verdadeira essência; essa coisa é a paixão, que nos anestesia por um tempo e nos faz viver um momento de euforia e felicidade em só pensar no outro, em querer estar com o outro...

Essa sensação de estar num mundo ilusório é muito diferente do amor. O amor é uma escolha, enquanto esses efeitos da paixão são os que nos tornam cegos. Logo, não é o amor que é cego, é a paixão que é cega. Vejamos a definição que o Wikipedia nos dá para ‘paixão’: “A paixão é um forte sentimento que se pode tomar até mesmo como uma patologia provinda do amor. Manifestada a paixão em devida circunstância, o indivíduo tende a ser menos racional, priorizando o instinto de possuir o objeto que lhe causou o desejo. Sendo assim, o apaixonado pode transcender seus limites no que tange a razão e, em situações extremas, beira a obsessão.”

Diferentemente dessa sensação patológica (paixão vem de ‘pathos’ do grego), o amor não está diretamente ligado somente à vida sentimental de alguém (em relação ao sexo oposto). O amor ocupa e deve ocupar diversas áreas dos nossos relacionamentos (pais, filhos, amigos, familiares, colegas de trabalho, vizinhos, etc.).

O amor está muito mais ligado aos nossos comportamentos do que aos nossos sentimentos; tem mais a ver com nossas motivações e em querer agradar ao outro, ao mesmo tempo que tem a ver conosco mesmo.

A Bíblia tem uma definição muito desafiadora sobre o que é o amor. O apóstolo Paulo, na intenção de transmitir a uma igreja com valores completamente distorcidos, nos deu a seguinte definição de amor em I Coríntios 13:

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha.” (v.4-8)

Como podemos ver, em quase tudo o amor se distingue da paixão. A paixão, que muitas vezes, pode acabar se tornando uma obsessão, pode fazer com que uma pessoa: esteja sempre buscando seus próprios interesses; se irrite por causa do outro; suspeite o mal, porque se ardiria em ciúmes; seja muitas vezes injusta, por suspeitar do outro quase sempre; conte mentiras para conseguir atingir seus objetivos; não espere o tempo certo de as coisas acontecerem, fazendo com que não se pense nas consequências; seja completamente egoísta e nem tudo suportar; seja muitas vezes irracional.

Em contrapartida, o amor é um nível muito mais excelente de comportamento. Buscando o significado de cada palavra dos versículos anteriores e também dos seus antônimos no dicionário, consegui chegar às seguintes conclusões a respeito do amor e dos comportamentos naturais de uma pessoa motivada e movida por ele:


  • O amor é sofredor – O amor faz você sofrer quando vê alguém sofrendo; faz com que você se coloque na posição do outro para que não faça aquilo que não gostaria que fizessem com você; faz você suportar as dificuldades junto com o outro; faz você suportar as dificuldades mesmo que o outro não esteja disposto a suportá-las com você.

  • O amor é benigno – O amor faz você sentir prazer em fazer o bem; é querer bem a alguém mesmo que essa pessoa nos deseja o mal; é agir positivamente com pessoas não muito simpáticas ou que, humanamente falando, não são dignas de nossa atenção e de nosso amor; é ser verdadeiro e honesto consigo mesmo e em tudo o que fizer para você e para os outros. O amor é doar, dar e não esperar nada em troca.

  • O amor não é invejoso – é sentir alegria quando alguém cresce e prospera mesmo que você não cresça e não prospere tanto quanto; é não sentir inveja de quem tem mais do que você.

  • O amor não trata com leviandade – O amor não é leviano; faz você racionalizar, ser prudente e pensar em tudo antes de falar; é sério e verdadeiro em tudo que faz.

  • O amor não se ensoberbece – O amor não nos torna soberbos, ao contrário, nos faz considerar os outros superiores a nós mesmos, o que nos motiva a sempre ajudá-los e a respeitá-los; não faz você falar mal de alguém, pois você nunca se colocaria na posição de juiz, já que você considerar-se-ia inferior aos outros.

  • O amor não se porta com indecência – O amor não faz você se tornar indecente, inconveniente nem obsceno; faz você viver conforme as condições do bom viver, da boa sociedade; faz você ser honesto e adequado; faz você ter um coração limpo e falar coisas puras.

  • O amor não busca os seus interesses – O amor faz você se importar mais com os interesses do outro do que com os seus; é não querer ter conveniência e não agir propositalmente buscando sempre obter lucro, tirar proveito, vantagem com alguém ou com alguma coisa.

  • O amor não se irrita – O amor não faz você ficar irado, não te encoleriza nem te exaspera; faz você saber ouvir o outro antes de falar suas críticas; é respeitar a opinião do outro mesmo que não seja igual a sua; é não querer tentar convencer para provar que está sempre certo; é se dar conta de que nem sempre você está certo; é não ser hostil com quem acabou de ser com você.

  • O amor não suspeita mal – O amor não faz você lançar suspeita mal e errada sobre alguém; não faz você julgar ou supor mal de alguém antes de conhecer a pessoa de fato; o amor não faz você conjeturar, imaginar, julgar, supor sobre alguém baseando-se somente em dados ou informações mais ou menos seguros ou superficiais; não faz você prever sobre alguém confusamente; não faz você desconfiar ou imaginar o pior sobre alguém.

  • O amor não folga com a injustiça – O amor não se alegra nem tem prazer com a injustiça. O amor não é injusto; faz você agir com justiça, dando ou deixando a cada um o que por direito lhe pertence; faz você ficar triste quando vê uns passando necessidade em detrimento da prosperidade alcançada pela injustiça de outros. O amor faz você reconhecer os direitos de alguém a alguma coisa; faz você atender às reclamações e às queixas de quem se ama.

  • O amor folga com a verdade – O amor se alegra e tem prazer com a verdade, independentemente de qual seja. Quando você é verdadeiro, o que você diz está em conformidade com o que você sente e pensa, pois age de acordo com seus princípios, que são certos e verdadeiros. O amor faz você ser sincero e sempre agir de boa-fé. Quando você é verdadeiro na sua comunicação, você expressa fielmente alguma coisa ou acontecimento, diferentemente da meia verdade, que é uma afirmação parcialmente verdadeira ou parcialmente urdida, de modo a iludir pessoas ou escapar a críticas. O amor faz você ser verdadeiro, portanto, você não age para manipular as pessoas, nem para tirar proveito delas.

  • O amor tudo sofre – O amor tudo padece com paciência. O amor é paciente, por isso, faz você aguentar e conter qualquer tipo de sofrimento por qualquer causa ou pessoa.

  • O amor tudo crê – O amor tem confiança e tem fé. O amor faz você crer e ter fé no potencial de todas as pessoas, motivando-as e incentivando-as a crescer.

  • O amor tudo espera – O amor tem esperança. O amor faz você ter esperança em qualquer coisa ou pessoa, mesmo as mais desenganadas. O amor faz você aguardar com paciência algo ou alguém. O amor faz você estar na expectativa de que algo melhor está por vir. O amor espera obter e tem como certo ou muito provável conseguir o que se deseja, mesmo que seja considerado impossível. O amor confia no auxílio e na proteção de quem se ama.


  • O amor tudo suporta – O amor suporta todas as coisas. O amor faz você sustentar quem não tem força e sempre aguentar o peso de qualquer situação. O amor faz você sofrer com paciência ou resignação. O amor faz você aguentar, aturar e tolerar a todas as coisas e pessoas. O amor faz você resistir à ação enérgica e contrária de alguém, e o faz ser firme diante de situações complicadas e difíceis. O amor a tudo se acomoda, a tudo admite, e tudo acha tolerável.

  • O amor nunca falha – Essa frase é um desfecho e uma conclusão de todas as afirmações anteriores, ou seja, o amor é perfeito: o amor sempre dá o resultado desejado, sempre acerta, sempre se compromete com suas obrigações e ao que era devido. O amor sempre chega a tempo. O amor não é cego, enxerga além. O amor é divino.

Diante de todas as definições de amor ditas em I Coríntios 13 e explicadas acima, percebemos que esse é o amor ágape, o amor incondicional. Percebemos que amar como está descrito acima é humanamente impossível, pois todas as reações são contrárias a nossa natureza humana e pecaminosa.

Diante de todo o exposto, nos damos conta que somos o pior dos pecadores.

Mas a boa notícia a respeito disso tudo é que Deus, que é o único ser capaz de amar perfeitamente dessa forma, nos capacita a amar exatamente como Ele ama.

Portanto, quando conseguimos amar com algumas das formas descritas acima, o mérito não é nosso, e sim de Deus, porque ainda há algo em nós em que Deus consegue operar, já que somos apenas um reflexo distorcido e infinitesimalmente menor do que o Deus que nos criou.

Como cristãos, devemos buscar amar como Paulo, divinamente inspirado, nos ordenou, mas não esquecendo que, para isso, precisamos depender de Deus, pois não somos capazes de amar dessa forma somente por nós mesmos.

Que dependamos do nosso Senhor Jesus Cristo para vivermos esse caminho muito mais excelente!

Graça e paz sejam com todos. Amém.

3 comentários:

  1. O amor não depende das condições naturais de temperatura e pressão (CNTP). O amor é incondicional.

    (I Coríntios 13)

    =)

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  2. É, o amor!! =D
    Tão simples e perfeito, como tudo que vem de Deus. E Ele é o próprio amor!!

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  3. Na verdade Deus é amor e o que nós achamos ou pensamos sentir é uma infina parte/definição do que Ele é...

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