domingo, 23 de outubro de 2022

Jesus Cristo usaria armas?

Por Laiz Meireles

Questionar se Jesus seria a favor das armas de fogo é fora de contexto?

Esses dias eu estava navegando na rede do passarinho, que ultimamente tem sido o “puro suco” da internet, e vi alguém questionando se Jesus aprovaria o uso de armas. Vi também muita gente dizendo, inclusive teólogos e pastores, que essa pergunta era anacrônica, ou seja, que destoa dos usos da época a que se atribui. Esse argumento é sustentado principalmente porque, na época que Jesus viveu na Terra, as armas de fogo não existiam. 

Quando Jesus começou seu ministério, por volta do ano 30 d.C., o Império Romano ocupava e oprimia a região da Judeia, onde Jesus nasceu e foi criado. Os romanos oprimiam o povo judeu, arbitrariedades aconteciam, impostos abusivos eram cobrados, aqueles que eram criminosos recebiam a pena de morte de cruz, entre tantos outros abusos. Realmente, todos sabemos que quando Jesus passou pela Terra não existiam armas de fogo. A arma da época era a espada. E eu lhe pergunto: Jesus andava com sua espada embanhada por aí para se defender dos romanos? Ele pregava que o povo devia se rebelar contra os invasores? Pregava que quando fossem injuriados deveriam se defender com espada?

Vamos ver o que Jesus disse quando estava com seus discípulos no Getsêmani, horas antes de começar a sua paixão, no momento que vieram soldados para prender Jesus, e Pedro se adiantou cortando a orelha de um deles com a espada:

 

Disse-lhe Jesus:  “Guarde a espada! Pois todos os que empunham a espada, pela espada morrerão.” (Mateus 26:52, NVI)
 

Então, a pergunta no início do texto seria anacrônica? Bom, temos aqui a resposta: não. Hoje ninguém mais usa espadas por aí, não é mesmo? Tirando quem pratica esporte com elas, é claro. Armas de fogo não têm outra finalidade, senão matar ou ferir; foram feitas para esse fim. Sendo assim, um cristão deve ser a favor da liberação das armas? Um cristão deve andar armado, preparado para ferir ou matar quando qualquer um venha lhe ofender? As Escrituras nos dizem claramente que não.

Já ouvi também que violência para se defender é lícita. Tendo em vista que não estamos falando do Código Penal Brasileiro, mas sim da Bíblia, vamos ver quais foram as palaras de Jesus a respeito deste assunto, que diz:


Se alguém bater em você numa face, ofereça-lhe também a outra. Se alguém tirar de você a capa, não o impeça de tirar-lhe a túnica. (Lucas 6:29, NVI)


À luz dos ensinamentos de Cristo, violência e uso de armas para defesa própria é errado. É claro como água, eu diria, já que os textos não dão margem para ambiguidades. Tenho ficado estarrecida com a quantidade de pessoas de Deus, pastores, teólogos, pregadores e evangelistas a favor do armamento da população. Eu fico realmente preocupada. Essas pessoas estão dormindo? Não entendem o que leem? Estão cegas espiritualmente? Ou simplesmente querem isso, acham normal? Esses questionamentos ficam ecoando na minha mente. 

Em
Lucas 19:45-48, é narrado que Jesus entrou no templo e viu pessoas fazendo comércio e as expulsou de lá. Utilizam esse texto pontual para justificar ações violentas. Pois bem, Jesus é Deus. O templo era a casa de Deus, casa de oração. A ira do próprio Deus se manifestou naquele momento, dentro de sua própria casa, que a faziam de comércio e desrespeitavam o lugar que era separado para oração e adoração. Note que Jesus não bateu em ninguém, nem desembanhou espada alguma, apenas expulsou do templo aqueles que queriam se aproveitar para lucrar com a fé de seu povo. Isso me soa bem atual, heim! 

Continuando, Jesus provou o sabor amargo da violência na sua carne, da tortura, dos pregos nas mãos, da lança no seu lado. Esse Jesus, cheio de amor e misericórdia, que pediu ao Pai perdão por seus algozes, não pode ser um Jesus que apoia armas. Como diz Isaías 9:6 que ele é o Príncipe da Paz.

A palavra “cristão” quer dizer pequeno Cristo. Nós somos à imagem e semelhança de Cristo. Não devemos de maneira nenhuma propagar ou semear o ódio ou qualquer tipo de discurso que propague o ódio disfarçado de um falso moralismo. Como diz o apóstolo Paulo:

 

Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo. (Efésios 4:32, NVI)

Ainda na carta de Paulo aos Efésios, ele nos ensina que devemos seguir a Cristo como nosso maior exemplo e ser seus imitadores:
 

Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus. (Efésios 5:1,2, NVI)

Na carta de Paulo aos Gálatas, ele nos mostra quais são os frutos da carne e do Espírito:

 

Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. (Gálatas 5:22,23, NVI)
 

Para concluir, irmãs e irmãos, a Bíblia é nossa regra de fé e prática. Leia os evangelhos, as cartas de Paulo, os ensinamentos dos apóstolos. Se você tiver conhecimento, nenhum falso profeta o enganará. Muito menos o príncipe deste século, o diabo, cegará seu entendimento. 

Eu sinto que estamos vivendo um tempo de apostasia. Chegou o momento em que a igreja precisa ser evangelizada. Nunca pensei que eu veria isso acontecer em minha geração. Oro para que as escamas caiam dos olhos dos evangélicos brasileiros e que voltem ao primeiro amor, ao arrependimento, aos pés da Cruz. Que a igreja volte a orar, jejuar e pregar o evangelho a toda criatura, e não pregar ideologias contrárias à palavra de Deus.

Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre.
(Hebreus 13:8, NVI)

Graça e Paz,

Laiz Meireles

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